Com alta do ICMS em São Paulo, fabricantes já trabalham com tabelas de preços diferentes para o estado
26/02/2021 - 05:07
Como previsto, o aumento da cobrança do ICMS para carros 0 km no estado de São Paulo já foi repassado para os consumidores. Agora, as tabelas com os preços sugeridos pelas fabricantes têm dois valores diferentes: um para as concessionárias paulistas e o restante para os demais estados do Brasil.
Imposto de caráter estadual e uma das principais fontes de arrecadação dos governos, o ICMS cobrado para veículos 0 km passou por duas alterações no final do ano passado. Inicialmente, o conjunto de medidas do pacote de ajuste fiscal do Estado de São Paulo havia determinado ao final de outubro que a cobrança do imposto de carros zero km passaria de 12% para 13,3% a partir do dia 15 de janeiro. No último dia de 2020, entretanto, um novo decreto afirmou que a alíquota passará para 14,5% a partir do dia 15 de abril.
Com isso, os carros mais vendidos já sofrem alterações em seu preço final para o consumidor paulista. Carro mais vendido de 2020 e na dianteira de novos emplacamentos em janeiro deste ano, o Chevrolet Onix é um dos modelos que passou a contar com duas tabelas: uma para São Paulo e outra para o restante do Brasil.
A versão de entrada do Onix, a LT, parte de R$ 62.990 na tabela divulgada para os estados do país, enquanto o preço para São Paulo é sugerido em R$ 64.070 — uma diferença de R$ 1.080. Os preços são os mesmos entre as praças, no entanto, na versão Turbo AT: R$ 65.390.
A FCA, por sua vez, determinou que a utilização de tabelas de preços distintas será adotada por todas as marcas do grupo. Vice-campeão de vendas em janeiro deste ano, a Fiat Strada já está com valores diferenciados para as concessionárias paulistas.
A mesma política está sendo adotada para os modelos da Jeep. No caso do Renegade, a versão de entrada, STD, é oferecida por R$ 83.990 no restante do Brasil e por R$ 85.429 em São Paulo — uma diferença superior a R$ 1,4 mil. No caso do Compass, a mudança de preços é ainda mais elevada. A versão topo de linha Trailhawk, que nas concessionárias dos demais estados é vendido por R$ 208.990, acaba saindo por R$ 212.616 em São Paulo, um impacto no bolso de mais de R$ 3,6 mil.
Terceiro carro mais vendido do Brasil em janeiro, o Hyundai HB20 também está com preços diferenciados entre o estado de São Paulo e as demais unidades da federação. A versão de entrada, Sense manual com motor 1.0, custa R$ 54.490 nas concessionárias fora de São Paulo e R$ 55.490 nas unidades paulistas. A topo de linha, Diamond Plus automática com motor 1.0, sai por R$ 80.990 nos demais estados brasileiros e R$ 82.490 em São Paulo.
Por enquanto, apenas a Volkswagen mantém a política unitária de valores. "A Volkswagen do Brasil adota a mesma tabela de preços sugeridos para todos os estados", afirmou a empresa em resposta ao questionamento de Autoesporte.
Por ser um imposto de competência estadual, o ICMS (que é a sigla para Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) conta com alíquotas diferentes em cada unidade da federação: nos estados do Norte e Nordeste, por exemplo, a taxação de carros 0 km é de 7%.
São Paulo compreende de 25 a 30% os novos emplacamentos anuais de todo o país e absorve até 50% do mercado de usados. Entidades do setor, como a Anfavea e a Fenabrave, criticaram as medidas do governo paulista e projetam impactos na atividade econômica.
Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave, afirma que o aumento de preços colocará ainda mais pressão nas concessionárias, que não recuperaram as perdas econômicas causadas pela crise sanitária que atinge o Brasil desde o ano passado.
"Nós já tivemos uma perdas irreparáveis causadas pela pandemia. E além do desemprego, eu vou ainda mais longe, essa falta de previsibilidade causado pela pandemia com o aumento absurdo do ICMS pode até levar à falência do setor no cenário mais pessimista caso isso prevaleça", afirmou Alarico no início de janeiro.
Fonte: Portal Auto Esporte